Quem sou eu para NÃO sofrer?
Quem sou eu, na fila do pão, para não sofrer?
Eu tenho me feito muito essa pergunta nos últimos três anos. Embora possa parecer uma pergunta até estranha para algumas pessoas, para mim tem sido quase que terapêutica. Ela me leva a refletir sobre o nível de soberba que muitas vezes a gente se coloca, de pensar que NÃO PODEMOS SOFRER.
Por que a gente sempre acha que o sofrimento só pode bater na porta alheia? Por que a gente tenta sempre fugir dele?
A maioria de nós se coloca como injustiçado ou desesperado diante da dor e do sofrimento. Isso me chama muito atenção. Isso começou a despertar meu desejo de entender o efeito do sofrimento na vida humana.
Um exemplo para te ajudar a refletir melhor... Por que eu "acharia justo" a minha vizinha sofrer uma doença grave, e injusto se essa doença surgisse em mim? E você pode agora estar pensando assim: "Mas Milene, eu NÃO acho justo que minha vizinha sofra". Pois é, mas quando eu não aceito, me sinto injustiçada pela dor e pelo sofrimento é como se eu me visse numa esfera diferente dos outros seres humanos. É como se eu não fosse "normal" como todos os outros que também sofrem, choram, adoecem...
Se existem tantas pessoas ao nosso redor sofrendo, tanto ou até mais que nós, por que isso nunca aconteceria comigo?
O sofrimento é inerente à realidade humana. Todos vamos passar por ele na vida.
Quanto mais nos abrimos para a meditação dessa verdade sobre o sofrimento, mais entenderemos o valor dele em nossa vida. Sim, ele tem um valor. Quem sofre de qualquer jeito acaba perdendo boas oportunidades de aprender e crescer.
E quem se abre com humildade para olhar ao redor e enxergar a dor dos outros consegue ir além da sua própria dor e encontra consolo e refrigério diante da sua luta pessoal. Por isso te convido hoje: se abra para olhar ao redor. Talvez a dor do outro seja sua RESPOSTA.
